Vendaval do Campestre de 2024: Bem documentado, agora esquecido

 

Muro do Córrego Itapuã caído

Há pouco mais de um ano, em 31 de janeiro de 2024, a zona sul de Piracicaba foi atingida por um vendaval intenso que, na época, deixou marcas visíveis e chamou a atenção dos entusiastas da meteorologia pelas suas características incomuns. Conhecido informalmente como Vendaval do Campestre de 2024, o evento teve ventos estimados em até 100 km/h, concentrados em bairros como Campestre, Novo Horizonte, Jardim Itapuã e Monte Líbano. Na época, a movimentação para registrar, analisar e entender o fenômeno foi intensa. Hoje, entretanto, o assunto praticamente desapareceu das rodas de discussão da rede de meteorologia voluntária da cidade.

Às 15h05 do dia 31 de janeiro de 2024, uma frente fria avançou de forma brusca sobre uma massa de ar quente e úmido que predominava em Piracicaba, gerando uma frente de rajada que atingiu especialmente a zona sul da cidade. A ventania durou cerca de 10 a 15 minutos, e os danos ficaram concentrados numa faixa relativamente pequena, mas intensa. Segundo os especialistas, a região sofreu um "princípio de gustnado", dado que as rajadas foram muito intensas em uma área pequena e causadas por condições semelhantes àquelas que levam à formação de gustnados, embora não tenham chegado a dar origem a um redemoinho.

Apesar da notoriedade, a documentação e o interesse pelo vendaval diminuíram rapidamente. Em contrapartida, outros eventos mais antigos, como o macroburst de 2013 e o downburst de 2010, ainda recebem atenção e continuam em análise por entusiastas. Essa tendência ao esquecimento chamou atenção dos meteorologistas voluntários, que atribuem o fenômeno à sua relativa comunalidade dentro do padrão regional. Algo intenso, porém rotineiro, dentro do esperado para a dinâmica atmosférica local.

Um membro do grupo Piracicaba Meteorológica comentou sobre o fato:

“O vendaval do Campestre em 2024 foi intenso, sim, não há dúvida, mas ele foi basicamente uma frente de rajada comum. A diferença foi que, naquele dia, a pressão atmosférica caiu rapidamente e a intensidade ficou anormalmente concentrada numa área pequena, justamente na zona sul da cidade. Foi muito parecido com o que já observamos no bairro Santa Rita, na Zona Leste, em janeiro de 2014, só que, no caso do Campestre, a força da ventania foi ainda mais localizada.”

“As rajadas mais fortes ocorreram próximas à Avenida Thales Castanho de Andrade, no Monte Líbano, e também no loteamento Jardim Costa Rica, no Campestre. No começo, houve até especulações se o fenômeno teria sido um gustnado, tamanha a concentração e intensidade do vento. Mas a análise mostrou que era uma frente de rajada comum, sem a movimentação espiral típica dos gustnados. Foi quase como um gustnado grande, porém sem a rotação.”

“O vendaval derrubou galhos em diversas ruas, fez telhas voarem até 100 metros de distância e chegou a derrubar parte do muro do Córrego Itapuã. Teve até um trampolim que ficou preso no telhado de uma casa em uma rua do Jardim Costa Rica. Mas os danos não foram generalizados nem causaram feridos ou falta de luz. Já sabemos praticamente tudo do evento, por isso, com o tempo, a documentação parou e o assunto evaporou.”

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