Afinal, o vendaval em Piracicaba em 31 de janeiro de 2024 foi o quê? Frente de rajada com "princípio de gustnado" é nova resposta
Há pouco mais de um ano, a zona sul de Piracicaba foi surpreendida por uma forte ventania com rajadas máximas entre 90 e 100 km/h, causando estragos consideráveis em bairros como Campestre, Jardim Itapuã e Monte Líbano. Na época, o fenômeno ganhou atenção por sua intensidade e pelas suas peculiaridades. Hoje, novas análises apontam que o vendaval foi resultado de uma frente de rajada com um "princípio de gustnado", uma combinação pouco observada na região.
Na tarde de 31 de janeiro de 2024, por volta das 15h05, uma frente fria avançou rapidamente sobre uma massa de ar quente e úmido que predominava em Piracicaba. Essa interação gerou uma frente de rajada muito concentrada, que durou cerca de 10 a 15 minutos e afetou principalmente a zona sul da cidade. Os ventos intensos foram suficientes para derrubar galhos, árvores e até parte do muro do Córrego Itapuã, além de destelhar e danificar residências.
Inicialmente, entusiastas discutiram se o fenômeno teria sido um downburst seco ou um gustnado. “A ausência de chuva e a concentração dos ventos lembravam um downburst seco, enquanto a intensidade e a presença de uma frente de rajada também sugeriam um gustnado”, lembra um meteorologista voluntário do grupo Piracicaba Meteorológica. No entanto, o evento não chegou a ser classificado nem como um downburst seco nem como um gustnado, sendo classificado como uma frente de rajada concentrada até os dias atuais.
Com o avanço das análises, a conclusão se alterou (um pouco). “O vendaval foi basicamente uma frente de rajada comum, mas com um ‘princípio de gustnado’”, explica o mesmo. “Isso não significa que houve um gustnado, mas que o vento teve características semelhantes às que geram gustnados, como a concentração e a variação rápida da intensidade, mas não houve o redemoinho típico. Foi, anatomicamente, como um gustnado grande, porém sem rotação.”
Essa explicação mais refinada ajuda a entender o comportamento dos ventos naquele dia, assim como a intensidade localizada do evento. “O fato de a ventania ter se concentrado em uma faixa estreita da zona sul fez toda a diferença para os danos causados, apesar da duração curta do fenômeno,” comenta.
No entanto, os membros deixam claro que o termo "princípio de gustnado" serve como uma anatomia e não deve ser usado para descrever o fenômeno em contextos formais ou técnicos. Confirmadamente, o evento foi uma frente de rajada concentrada.
Apesar da força da ventania e dos prejuízos materiais, o evento não causou feridos nem apagões, e os estragos foram rapidamente reparados.
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